25 março 2016

SER JOGADOR OU PARECER JOGADOR: RECADO PARA JOVENS JOGADORES

Rodrigo Vicenzi Casarin

Está na moda a carreira de futebolista. Todas as crianças, pré-adolescentes ou adolescentes barbados querem ser jogadores de futebol. A projeção midiática que o futebol representa e suas múltiplas possibilidades despertam ainda mais o interesse. 

E ao caminhar nesse mundo/futebol cada pessoa/jogador que é única vai sendo modelada pelo contexto inserido. O que mais percebemos aqui no Brasil é que essa modelação vem cada vez mais condicionando os jovens há adquirirem um DNA prostituído, muito pelo que se fala, se veste e pelo pouco poder reflexivo. Além disso, pelo entendimento que ser jogador é “ganhar muito dinheiro” e ter fama precocemente. 

Isso seria uma síndrome viral? É tão fácil ser jogador assim como parece? Será que a grande maioria dos jogadores que chegaram a top não precisaram de uma gama de situações complexas e adversidades? Não precisam estudar nessa nova dimensão que a sociedade se tornou? Será que vestir um boné, uma chuteira de marca, ter um empresário ou um pai fissurado pelo dinheiro e pela fama já garante o sucesso? Ser jogador é diferente de parecer jogador? Ser jogador não precisa de esforço, compromisso e escolhas?


Olha, como treinador fico cada vez mais pasmo com “esses entornos do futebol”. Tudo que rodeia está cada vez mais poluído, parece ter mais fissuras que a camada de ozônio. Hora parece um grande Cirque du Soleil, hora uma passarela da Fashion Week e hora uma fila para chegar ao “Cofre do Banco Central”. A arte da estrada que é ser jogador está cada vez mais apontada para outros valores que faz os jovens terem a impressão que é fácil ser jogador, e que a paixão de jogo virou "piada pronta", e nós adultos temos culpa de tudo isso.

Desse modo, cada vez mais vão ficando des-familiarizados com o mínimo que é gostar da bola, e o credo do esforço e da superação ficam esquecidos. E nem se dão conta que esse contexto poluído e a falta de leitura individual deixa mais próximos de seguir carreira como modelos, grandes craques do videogame ou apostadores de mega-sena. 

Por isso, uma pequena porcentagem realmente chega ao alto-nível, e esses trabalham muito, se esforçam mais ainda, e se preparam muito mais que o resto. Ou vocês acham que Cruyff, Rivaldo, Iniesta, Pirlo, Busquet, Willian e Coutinho apenas pelas condições naturais, pela hereditariedade, dom e talento ou por terem aterrissado de uma nave espacial de Saturno chegaram a Top. Não consigo ver outra situação ou um segredo mirabolante para ser jogador maior que treinar mais que os outros, jogar 10 horas por dia futebol e desfrutaram do futebol mais que qualquer coisa. 



Há apenas uma magia, que não é segredo, simples, que é o desenvolvimento pessoal de se dedicar e focar cada vez mais. Quando mais energia se coloca numa situação, quando mais se treina, quanto mais se abdica de algumas coisas, quanto mais experiências precoces, variadas se tem, mais se forma e mais possibilidades tem de evoluir. É uma questão clara, pois se realmente quisermos ser jogadores, temos que nos preparar e nos preparar muito mais que qualquer um. 

Como disse antes, no futebol não apenas um perfil único, cada um suas experiências. Não há uma receita escrita e única para adquirir “o mapa da mina”. Ninguém é igual a ninguém, mesmo que o inconsciente coletivo tente cria um rebanho comum ao conceito de ser jogador. Há sim algumas regras básicas que devem ser utilizadas por todos, que vão além do futebol, que servem para a vida geral, ou seja, antes que qualquer coisa o jogador precisa ter paixão pelo que faz, saber resolver problemas internos-externos, valorizar as coisas adequadamente, saber distinguir situações e pessoas, suportar solidão, esforço e especialmente ser resiliente mentalmente. Dessa forma de nada de nada adianta um jovem ser taxado com um vasto potencial precocemente, se pelos entornos, e sua falta de mentalidade, utiliza desastrosamente suas capacidades e seu gerencialmente pessoal. Por isso, desde cedo, fatores limitadores que cegam pode fazer o jovem desencontrar sua essência, e cada dia ao invés de vivenciar uma experiência agradável e intensa; um sentimento precioso e profundo que é jogar, vira apenas uma situação corriqueira e fria que vai congelado. 

Hoje os preceitos culturais da sociedade e as ambições tiraram um pouco dessa sede essencial para ser jogador e criaram estereótipos. Também a facilidade com que as coisas chegam, algumas mentiras plantadas, alguns produtores de sonhos, feirantes de ideias mirabolantes e a falta de gestão familiar vão lapidando a estrada dos jovens que perdem seu estado mais puro e singular. Cada vez mais ficam perto de rotas mercantis, de estados de patrimônio fantasiosos, tudo motivado por esses processos informacionais criados ao seu redor. Será que não seriam processos mais des-informacionais que informacionais? 

Infelizmente, jovens, não nascemos com a capacidade de controlar a nos mesmo, dirigindo nossa “inteligência potencial” para metas elegidas. Somos contexto, ou seja, envolta cria-se um gênero especifico de percepção que cada vez mais se afasta da polidez ética para viver com honestidade e paciência para que os fatos lenta ou rapidamente se concretizarem. Queremos ser jogador com 5 treinos e 2 gols numa partida amistosa contra uma equipe de videogame e ganhar milhões. Não consigo entender.    


Dessa forma, o jogador precisa saber precocemente que ao criar alguns laços com todos esses aspectos extra-campo, pode se acorrentar e correr um grande risco de ficar preso num presidio de segurança máxima por um período, e quando sair, o mundo já não ter as mesmas características. Claro, o jogador não vive numa ilha, é um ser social que se relaciona constantemente e tem suas escolhas, o jogo é isso também, mas de que forma essas escolhas podem ir construindo a subida ou descida do jogador? Abdicar de ter coisas que todos os jovens tem, vícios, curtições, uma vida familiar mais ativa e manhã de sonos mais tranquilas entram nessas escolhas?

Como treinadores podemos contribuir para os jovens jogadores “perceberem algumas coisas”, criando processos de treinos mais complexos, reflexivos, para sentirem mais o jogo na sua essência, dar conselhos, criar seres autônomos, mais críticos, capazes de tomarem boas decisões, gerirem suas emoções e conviverem adequadamente nesse meio, já que um deslize, uma escolha errada, uma pessoa errada, pode colocar em risco tudo. 

Mesmo esse entorno tendo uma grande evidência e várias dimensões, a gestão da auto-responsabilidade do jovem não pode deixar de estar em primeiro plano. Governar atos e consequências é a grande chave para ter projeção. 

Então para “ser realmente” jogador, e não viver de um protótipo, uma propaganda, mais que todas essas questões citadas, tem um preço a pagar, que custa “vários valores”. E nesses valores está o trabalho duro, não se render nunca, não se entregar, paixão pelo jogo, pelo treino e o sonho de ser jogador para pisar no gramado e jogar uma grande final num estádio cheio, tudo isso distante num primeiro momento do sonho de  "ser boleirão" e passar no banco 7 dias por semana, ter o carro repleto de menininhas, ir no cabeleireiro todo dia estilo “dama dos anos 1800", ser o maior astro das redes sociais e ter um jatinho particular, isso é um sonho de quem joga vídeo-game, aposta na mega sena e treina com a cabeça para lua apenas umas horinhas por semana já pensando no que fazer pós treino.

Então jovem: você quer ser jogador ou parecer jogador?




21 março 2016

DENSIDADE COMPETITIVA E SUAS REPERCUSSÕES

Rodrigo Vicenzi Casarin

“La irremediable lucha por la identidad es lo que me mantiene cuerdo en este mundo de locos.” (Marcos Ponce de León)

Sábado e Domingo como de "praxe" assisti alguns jogos pelos campeonatos Europeus para procurar "aumentar meu acervo de conhecimento". O que mais me chamou a atenção foi que as três equipes que acompanho quase todos os jogos da época apresentaram algumas “similaridades disfuncionais”. Essas equipes vem de uma densidade grande de jogos e ainda estão “vivas” em duas ou três competições simultaneamente. O Bayern que jogou sábado contra o Colônia e venceu por 1 x 0 fazendo um jogo muito abaixo da média, na quarta enfrentou uma eliminatória de grande dificuldade e grande desgaste pela Champions League contra a Juventus. Já Dortmund e Liverpool que se enfrentarão pela Quartas de Final da Euro League, jogaram no domingo pelos campeonatos locais. O Liverpool tomou uma virada de 3 x 2 contra o Southampton depois de um bom primeiro tempo e o Dortmund venceu o Augsburg por 3 x 1 em um jogo irregular, ambos jogaram na quinta-feira pela Euro League em partidas menos desgastantes comparativamente ao Bayern, já que encaminharam a vaga na primeira “perna” das oitavas de final com bons resultados, mas como jogaram tiveram repercussões no organismo. 


A constatação foi que essas equipes que procuram ter um fio norteador comum que é a bola ou jogar e não deixar o adversário jogar, nesse final de semana fizeram jogos mais difíceis que o costume, se complicaram em alguns instantes cruciais no jogo, perderam intensidade decisional, intensidade física-específica, alternando “estágios de jogo irregulares”, e tiveram pouca fluidez funcional-posicional. Claro que hoje, essas duas ligas não são tão fáceis como se ouve falar, várias equipes possuem um jogo coletivo, pressionam alto e defendem em bloco baixo com propriedade, e mais que isso, seus futebolistas evoluíram pelos processos criados melhorando a capacidade individual e o entendimento de jogo. Então não existe mais essa história de jogo fácil.

Esse fator na Europa acontece com menor frequência comparativamente ao que vemos aqui no Brasil, especialmente quando equipes possuem um calendário apertado e procuram ter ideias de jogo mais complexas ao nível decisional. Colocaria o Grêmio e Corinthias mais próximo disso. Evidente que a falta de fluidez nessas equipes é vista com mais frequência por ainda termos algumas mazelas culturais vindas do berço.

Bem, essa problematização pode acontecer com diversas formatações, em diversas épocas do ano, e não apenas em um jogo ou no período final de afunilamento das competições, mas se plantou como uma situação pertinente para avaliarmos. Por isso, levantei algumas reflexões, que resultam em múltiplas respostas pela complexidade processual que a realidade do futebol comporta.

Agora, de fora é muito mais fácil fazer prognósticos depois dos fatos terem acontecido, por que no futebol não sabemos o que ocorrerá até que ocorra. Há "um sem fim de relações e inter-relações" para cada questão levantada dentro do futebol e há múltiplas características culturais, contextuais, crenças pessoais, ideias modeladoras, feedbacks adaptativos de cada corpo técnico para gerenciar um processo de treino-competição que um período denso competitivo visando o próximo jogo e os constrangimentos do adversário de uma equipe e diferente da outra.

O que não podemos é questionar apenas alguns detalhes, entrar em debates pouco relevantes ou reducionistas na hora de analisar. Também não podemos entender os fatos isolados. E o que mais se escuta e se debate em todo o mundo não vai além do assunto que o “excesso de jogos e algumas lesões de jogadores importantes impediram a equipe a conseguir o resultado ou jogar melhor”. Apenas isso, separadamente é suficientes para entendermos? Será que também os jogos que carregam um valor maior, das competições Europeias, do meio da semana, são apenas suficientes para determinar essa tendência? Ou estamos num processo altamente complexo que inicia quando inicia o primeiro treino da época e nas escolhas em termos de ideias e gestão operacional da rotatividade pela comissão técnica?


Bem, primeiramente todas essas equipes jogam um futebol ofensivo e procuram propor o jogo com a bola e estar com ela a maior parte do tempo , isso determina algumas “escolhas específicas” para resolver as ações de jogo e atingir o objetivo maior que é vencer seu oponente. Nesse caso, indica um processamento maior de ideias de jogo e mais complexas que o adversário. Mesmo que concretizadas e articuladas de forma diferente entre essas 3 equipes, a opção por utilizar a bola como fio condutor exige um desgaste cognitivo maior “a curto, a médio e a longo prazo”. Além disso, a forma intensa que encaram o jogo, entendendo primeiramente intensidade como estar concentrado durante todo o jogo elevando ao máximo o número de decisões mais próximas do ideal arrastam consigo repercussões maiores que se estendem por toda funcionalidade do corpo dos jogadores e automaticamente nas relações dos jogadores e na construção coletiva da equipe. Então, será que ao enfrentarem equipes que jogam menos, que possuem ideias de jogo menos complexas, que estão menos desgastadas pode-se ter certa desvantagem quando estamos próximos de uma fadiga cognitiva acumulada pelo excesso de jogos ou por treinos que não respeitam uma lógica de desempenho-recuperação? 

Mentalmente também a equipe/jogador precisa manter um nível de motivação/desejo alto, já que não é a mesma coisa jogar um jogo que vale a vaga para final de uma Copa Europeias e dois dias depois enfrentar uma equipe do meio da tebela pela campeonato local, correto? Também soa diferente para uma equipe que está na liderança com certa folga, uma equipe que está na caça no líder, e outra distante do líder e no meio da tabela buscado uma vaga em competições europeias. Apesar de que qualquer equipe de alto nível e qualquer jogador a top tenha que enfrentar todos os jogos da mesma forma. Mas sabemos que às vezes, no íntimo, propriamente pelo nível de dificuldade do jogo passado e também pelo imaginário coletivo da equipe, pelo relaxamento, pode acontecer uma armadilha para o aqui-e-o-agora que é o jogo atual que previamente pode não ser imaginado como um cenário predileto e sim facilitado teoricamente, mas sem se perceber isso, no instante do jogo, a tônica vai mudando e o jogador e a equipe não conseguem juntar forças de relações para manterem-se ativos dentro do nível esperado e até mesmo pelo fator motivacional do adversário. Será que só falando e alertando sobre a importância do jogo resolve?

Outra dimensão é a fisiológica/bioenergética. Sabemos que cada equipe possui seu novelo bioenergético para encarar o jogo, e também sabemos que se precisa no mínimo de 4 dias para uma equipe voltar a ter esforços mais próximos do jogo. Como fazer isso nesse calendário atual? No último final de semana Bayern, Liverpool e Dortmund tiveram apenas 2 dias entre um jogo e outro, e pela forma agressiva que encaram o jogo ao nível do novelo bioenergético, a probabilidade de terem jogos difíceis aumenta bastante quando enfrentam equipes com 4 ou mais dias de folga entre um jogo e outro. E foi o que aconteceu. Dentro do jogo as equipes apresentaram intervalo maiores de fadiga, especialmente nos últimos 30 min de jogo, o que aconteceu com o Liverpool e Bayern. Isso não tem nada a ver com a dimensão física em correr mais ou menos que o adversário, simplesmente no desgaste global do organismo e no pouco tempo de recuperação/treino. Saber correr com intencionalidade como essas equipes fazem ou correr menos, também demanda de descanso e uma correta gestão do processo de treino. 


E esse dilema todo vem a tônica o termo Rotatividade. Fazer com que todos os jogadores se sintam importantes não é uma tarefa tão fácil em plantéis numerosos e até com certo ponto de disparidade ao nível de qualidade. Mas é uma das missões da comissão técnica fazer com que todos se sintam motivados jogando mais ou menos. Agora como essa rotatividade é planejada? Apenas nos momentos de maior densidade competitiva? Em jogos mais fáceis? Em jogos em casa? Em competições diferentes? Ou já no inicio na época na pré-temporada? 

Está claro que quando mantemos uma equipe com poucas trocas cria-se conexões exclusivas, pois os jogadores adquirem um nível de entrosamento. Agora quando alternamos drasticamente vários jogadores, tiramos 2 ou 3 jogadores que “são os pilares do jogar” ou usamos toda hora inconvenientemente a rotatividade interferindo na coesão da equipe, pode-se gerar alguns problemas, por que a implicação de novos jogadores revela-se novas interações por suas características únicas e novas características que podem não desvirtuar a forma de jogar da equipe, mas deixa-lá sem a fluidez necessária. 

Então, “o fio da navalha” é ter uma rotatividade constante, rodar poucos jogadores, ter equipes diferentes para uma situação como essa, manter o máximo que puder a mesma equipe ou trocar os jogadores mais cansados dentro do próprio jogo? Aumentar o número de substituições para 5 ajudaria ou dificultaria? Conseguimos treinar tudo isso ou devemos fazer uma escolha? E os problemas são apenas dessas equipes que apresentaram desgaste cognitivo no final de semana pela forma de jogar? Não sabemos. Só sabemos que rotatividade deve ser processada de uma certa maneira, mas cada um fábrica a sua maneira. 

E é essa maneira que entra o processo de treino que deve gabaritar os jogadores e a equipe para chegarem nas melhores condições para o próximo jogo. Apesar dos jogadores menos utilizados também serem tops, eles precisam de uma pré-disposição organizacional-funcional-entrosada mais próxima do ideal toda semana. Então a rotatividade deve também entrar durante a semana do processo de treino, mas no meio dessas semanas será que sobra mais tempo para treinar ou para recuperar? De que forma treinamos e de que forma recuperamos? Ou conseguiríamos encontrar um misto de recuperar-treinar para otimizar a funcionalidade individual e da equipe? Agora nesse recuperar-treinar será que conseguimos gerar padrões e relações específicas para ter uma rotatividade necessária no plantel sem descaracterizar a equipe? O que fazemos com os jogadores que menos jogam para tentar manter a identidade já que estão menos desgastados? E os que mais jogam assiduamente? Como nivelar esse viés?

O treinamento num padrão semanal cheio com um jogo ou com dois jogos nos permite se operacionalizarmos corretamente manter a funcionalidade especifica da equipe e buscar interações para cada situação concreta que queremos para um determinado encontro. Conseguimos gerir alimentando todos os jogadores corretamente sem deixar uns demasiadamente gordos e outros demasiadamente magros de conteúdo. Agora também podemos disponibilizar demasiada comida para todos e o jogo virar uma grande congestão. Eis a importância das refeições-sessões equilibradas para todos, especialmente quando se joga muito. 

Mas não adianta, por mais que se treina, se estuda e planeja algo em função do adversário, se permite e muito ao erro, mas haverá uma opção de flexibilidade durante a partida que é voltar há alguns jogadores principais, fazer alternâncias estratégica sem perda da identidade ou aceitar que aquele determinado jogo o adversário foi melhor e que poderíamos ter feito escolhas diferentes na prévia do encontro quanto a rotatividade. 

E isso tudo não se faz com apenas um simples argumento único e correto, algumas de suas condições realmente está no erro. A sensibilidade e a paixão para descobrir esse erro e outros erros podem aproximar cada vez mais a equipe dos acertos e da regularidade tanto esperada em todos os jogos mantendo a rotatividade como uma aliada, já que propor o jogo é muito mais desgaste globalmente e uma regularidade constante requer uma apurada sensibilidade de todos integrantes do processo da modelação do jogar da equipe. Enfim, quando entendemos que o processo de treino-competição se sucede de erros e acertos dentro de um espiral chamado “complexidade”, passamos percebê-lo na sua natureza, ou seja, o gerindo como uma obra de arte. 

24 janeiro 2015

Da informação-abstrata a informação-organização-operacionalização do treino


Rodrigo Vicenzi Casarin

Não dá para negar que alguns sinais animadores nos últimos anos vem acontecendo no cenário nacional. Sejamos otimistas, ou tentamos ser. Evoluções, exportação e importação conceituais, aspectos internos e externos; nada excepcional, nada para "brilhar os olhos" e deixar "estático" os fenômenos processuais sem revisar e criticar construtivamente o momento atual.

Olhando para trás, analisando friamente, o futebol teve resquícios de evolução e automaticamente quem trabalha em seu contexto.

O olhar cartesiano, pai de todas as explicações, visto como “autoridade áspera e máxima”, aos poucos foi sendo superado por um olhar mais global, bem como por outro “advindo da integração das dimensões”. De fácil aplicabilidade, as lacunas e os desentendimentos sobre esses dois olhares foram sendo superados, e hoje vários profissionais "bebem um pouco da água dessa fonte".

Em outro viés e mais distante em termos balizares e conceituais, as tendências balizadas pela complexidade começaram se alastrar. O termo complexidade é um princípio transacional que faz com que não nos possamos deter apenas num nível do sistema sem ter em conta as articulações que ligam os diversos níveis. Isto quer dizer que ao tentar simplificar um sistema complexo estamos, a destruir, à priori, aquilo que tentávamos perceber, isto é, a sua inteligibilidade (SILVA, 2005).

Modismos, chavões, religiões e conceituações rígidas fazem parte de todas essas tendências. Mas especialmente as balizadas pela complexidade, temos visto bruscamente "conceituações precipitadas e infelizes", pela falta de entendimento, profundidade e sensibilidade. E a complexidade não tem culpa disso. Entender o futebol pela complexidade exige uma sensibilidade transdimencional e contextual, antes que qualquer coisa.

Bem, o fenômeno do não “entender ativamente esses modelos”, especialmente e racionalmente plausível os balizados pela complexidade, criou-se uma corrente que pode ser apelidada como “tendência da informação-abstrata”. Essa tendência configura-se em virtude dos meios tecnológicos e vem se alastrando trazendo todas informações de todos os formatos e aspectos, sem filtro, promovendo profissionais e alguns embustes no “seio do treino-jogo”.

Realmente, estamos numa era informativa de grande valia, mas até que ponto isso pode influenciar o futebol?

A minha primeira preocupação que pode parecer irrelevante é a esterilidade da busca e do estudo contextual pelo treino e pelo jogo através dos feedbacks teóricos práticos diários e dos problemas específicos. Pergunto: Copiar treinos é o mesmo que criar treinos? Ler livros e artigos é o mesmo que ler escopos? Assistir jogos inteiros é o mesmo que ver jogos editados? A sensibilidade diária é adquirida de que forma?

Minha segunda se centra especialmente sobre os jogadores. Pergunto: O meu contexto atual exige o que? Meu jogador teve histórico passado para assimilar esses conteúdos? Esse conteúdo ou exercício será específico para a evolução específica dele? Será que todos os jogadores do Brasil podem ter o mesmo treino? Os exercícios do Chelsea são importantes para os meus jogadores? A intervenção específica conta para algo?

Não sou hipócrita de afirmar que não vejo publicações, postagem e algo no caráter e que nunca utilizei algo ou não achei algo interessante nesses mecanismos ou que já não fiz isso. Enfim, sem justificativas injustificáveis, temos que identificar para evoluir e errar para evoluir. Desculpem-me, mas criei certa resistência com algumas informações sem profundidade, pois ainda acredito que estudar o treino e o jogo por fontes ricas (muitas e de fácil acessibilidade) e o contexto inserido, é o que leva a informação-organização-operacionalização do treino para uma especificidade especifica que é o jogar pretendido.

Este é o ponto limiar dessa reflexão: a emergência de perceber que a informação sem aplicabilidade e especificidade vira apenas uma “muleta mental” para o contexto e o jogador.

Mas alguns vão questionar: Isso é muito melhor que o tradicionalismo e os métodos ultrapassados? Isso é o que os treinadores tops fazem? Isso está dentro das tendências de treinos pautas pela complexidade? Será? Será que um exercício com uma estética perfeita garante tudo? Um exercício copiado garante? O que é complexidade? E o que é complexidade para a minha equipe?

Entender o futebol pela complexidade exige além do domínio operacional das ideias especificas do jogar e do domínio do treino, uma sensibilidade transdimencionalculturalcontextual, entender de sinergia coletiva e de jogadores. Fácil, né? Ah, e se questionar todo dia: o que eles estão precisando? O que o contexto-complexo me disse hoje?

Aterrissando novamente nessa temática. Tudo bem, embora os riscos do modelo da informação-abstrata não sejam tão altos como outros modelos de treino ao olho nú e cru, em longo prazo, pode se tornar um deformador de contextos, treinadores e jogadores. Será? Radicalismo? Evidente que nada é completo dentro de um processo, mas a incompletude intelectual em termos de intervenção, construção e progressividade específica pode provocar “cavidades”, especialmente perda de criatividade. Pergunta: Cadê os rabiscos nos papéis e os exercícios criados com insights dirigindo da volta do treino?

A criatividade é o carro chefe “no inventar” do “treinar”. Treinadores que carregam suas ideias, suas convicções, se não são criativos aos constrangimentos que o novo contexto exige, acabam “apanhando”. O problema é que estamos todos esquecendo que a criatividade é o engenho da inovação e nos avaliza nos ambientes mais adversos. Por isso, as organizações melhores geridas, são aquelas que operam na fronteira do caos que implacavelmente levam a cabo um caminho de criatividade e inovação contínua conduzido por um processo natural de auto‐organização (STACEY, 2003).

A pluralidade do futebol atual exige ascensão diária identificada por cada contexto. Portanto, a sensibilidade futebolística nunca será permeada por cópias abstratas. Enquanto se insistir na cópia, na coleção de fatos e no ver sem entender, pouco promoveremos "mudanças abismais".

Não adianta, o código do segredo está na vagarosidade qualificadora da complexidade. Buscar mudanças profundas, viscerais, complexas no futebol, às vezes nos leva a examinar nosso verdadeiro lugar nele.




07 dezembro 2014

MUDANÇA DE HÁBITO, UM PROBLEMA DE ORDEM ANTROPOLÓGICA



Dênis de Lima Greboggy


Depois que a seleção nacional levou um “baile” da Alemanha, muitos pseudo-especialistas inflamaram o povo brasileiro pelas mídias, televisão, rádio e etc. no sentido de drásticas mudanças do formato de jogo do futebol brasileiro, hábitos, ações, treinamentos, e por aí foi, e vai. Abaixo estão trechos de um interessante livro, de Ralph Linton (1965), onde se podem levantar questionamentos sobre as possíveis ou não mudanças. O livro se chama: O Homem, uma introdução à Antropologia:


(...) os indivíduos vivem principalmente pelo hábito, agindo como lhes ensinaram a agir, sem primeiro parar para refletir.

A maior das dificuldades encontradas em um líder que procura desenvolver uma sociedade nova é que ele tem de começar com pessoas já anteriormente preparadas para viver em outra sociedade. Este preparo começa ao nascer, e antes mesmo de ter alcançado seu desenvolvimento pleno, o individuo terá adquirido uma massa de hábitos inconscientes adaptados à sociedade em que se criou. Pode ser que estes hábitos se modifiquem, como quando um indivíduo vai viver numa nova sociedade e gradativamente se incorpora a ela, mas é quase impossível modificá-los, a não ser que a nova sociedade ofereça padrões de comportamento que o recém-vindo possa aprender direta e objetivamente. Quando a nova sociedade não possui tais padrões, cada indivíduo precisa, toda vez que tiver de agir, deter-se e pensar. Ainda mais: o que um indivíduo decide que é conveniente, relativamente à idéias e valores básicos da nova sociedade, talvez não concorde com o que outro indivíduo pensa ser conveniente. O resultado é uma infindável confusão e uma interferência involuntária, e as pessoas que estão tentando desenvolver a nova sociedade logo recaem nos seus antigos hábitos.

(...) os únicos casos em que as novas formas de sociedade se estabelecem vitoriosamente tem sido aqueles em que o plano encerra um corpo considerável de regras concretas de comportamento.



O autor trata, obviamente, dos hábitos que uma sociedade em termos complexos pode modificar. Porém o futebol, sendo um fenômeno antropo-social, inclui-se neste caso. Ele faz parte de uma sociedade complexa, que depende de inúmero fatores para se alterar alguma coisa de forma significativa.

O texto é bem claro, se os princípios são os mesmos para todos, a mudança pode ocorrer. Aqui, pode-se destacar uma filosofia do treinador, um estudo prévio para uma intervenção, por exemplo. A Alemanha e a Espanha, últimas campeãs do mundo, levaram jogadores que atuavam e ainda atuam em mesmas culturas (raras exceções). Já a seleção brasileira considera os melhores jogadores em termos de técnica individual e destaque em seus respectivos clubes, não importando em que país se esteja.


O que ocorre com a seleção do Brasil é que há uma miscelânea de hábitos, onde todos pensam diferentemente, e que em situações de estresse, ansiedade, medo, os jogadores recorreram (e recorrem) à velhos hábitos, quando os novos não estão automatizados e vivenciados de forma concisa e intensa durante longo tempo. Contudo, a cultura do brasileiro será, sempre, selecionar o que melhor dribla, passa, recebe, cobra falta, faz boa defesa, sem pensar no todo complexo e antropológico que este esporte é. 


Mudança de hábito é algo complexo, profundo e que não envolve apenas aspectos táticos, princípios de jogo, sistemas, variações. Tem a ver com a mentalidade de um grupo, convívio, bons costumes, respeito, disciplina, responsabilidade, autoconhecimento, entre tantos outros. Aqui, convergimos com a opinião de Tostão: 

02 novembro 2014

REALISTA, DEMASIADAMENTE REALISTA VS. PESSIMISTA?



Dênis de Lima Greboggy
 
Assistindo uma matéria do Esporte Espetacular, sobre as categorias de base, percebi o quanto os professores estão (os entrevistados, é claro) ainda utilizando metodologias de ensino convencionais. Isso não é bom. O convencional é o velho analítico PURO, e depois o treino em conjunto (coletivo), sem contextualização, apenas praticar por praticar, sem critérios. Bom, isso não é novidade para ninguém mais.
O pior é ver o menininho (10 anos) entrevistado, respondendo a seguinte pergunta: Você acha que você joga bem? Resposta: acho. O que as pessoas falam de você? Resposta: que eu jogo muito. O que você mais gosta no futebol, de driblar, fazer gol, o que você mais gosta de fazer no campo? E A RESPOSTA NÃO FOI A LÓGICA SIMPLES DO FUTEBOL: FAZER GOL. O menino responde: de DRIBLAR. É isso que torna o jogador brasileiro pós-base, pensar que é craque, porque driblar é show, ganhar não. O menino esqueceu de dizer mais um fundamento feito pelo brasileiro em demasia e em momentos muitas vezes impróprios: CONDUZIR A BOLA. Esse é o Brasil, o Ex-país do futebol. Lanço aqui um desafio. Assistir um jogo de futebol brasileiro série A ou B. Contem quantos passes consecutivos uma equipe consegue fazer. Em média não passa de 10. Isso tem um motivo, que não tem nada a ver com a cultura do brasileiro, e sim a cultura da base da maioria das equipes, a cultura de largar na mão de qualquer pessoa, de boa vontade até, pensando no bem das crianças, mas que tornará estas, possivelmente, em novos executores de menos de 10 passes consecutivos. "De boa intenção o inferno está cheio".
Chega, faz dez anos que: leio, estudo, assisto, tento escrever, debato, "brigo", mais a decepção minha continua. Eu me sinto uma formiga. Estou trabalho fora do futebol, mais jamais deixarei de escrever sobre. De não ver equipes exigirem conhecimento dos professores, mas sim largar a bola e apito na mão de gente boa. Boa? Boa para muita coisa, mais atualmente não para o futebol do Brasil. Até quando isso? O futebol brasileiro não possui critérios, um amontoado de jogadores, gritos de fora do gramado, resultados imediatistas, enfim. Quem sou eu para condenar o gesto técnico citado pelo menininho?. É reflexo do que ele assiste. Um jogador ou um drible pode ganhar um jogo, mais uma equipe de verdade, esta sim, ganha campeonatos. Não estou dizendo que o futuro campeão brasileiro é uma equipe de verdade, mas sim a menos ruim.  


29 junho 2014

PARADOXOS

Olá Gente, cá estamos, retomando o blog é claro.

                                                                    Dênis de Lima Greboggy

Vamos lá. Ontem, Júlio César se emocionou e pegou pênaltis. Se ele falha, seria o emocional o culpado. Agora tem o fator primordial, os treinamentos. Hoje Lúcio de Castro da ESPN falou uma coisa fundamental: A automatização das ações táticas nos treinamentos, se a tática e suas variações estão automatizadas, não tem emoção que faça isso se ocultar. José Mourinho diz: Não existem equipes boas e ruins, existem equipes bem ou mal adaptadas ao modelo de jogo do treinador.
 
Vimos uma seleção brasileira ridícula, que fez musculação, treino em caixa de areia, regenerativo, treino físico isolado, enfim, tudo isso, menos questões tático-estratégicas para a definição da partida nos 90 minutos. A repetição das questões táticas NÃO EXISTIRAM com Felipão e nem vão existir. Thiago Silva negar a cobrança de pênalti é pipocar. Cadê a Maria Regina Brandão, psicóloga da seleção? Cadê o Felipão com sua família Scolari, o motivador, o treinador vibrante, aonde está?
 
Treinos coletivos o tempo todo, treinos coletivos em campo reduzido o tempo todo. Isso é um absurdo. A seleção está jogando no nível das equipes do campeonatinho brasileiro. Esse negócio de família Felipão, patriotismo exacerbado, emoção na hora do hino, raça, isso ganha jogo, mas não campeonato. Tudo isso tem a solução, uma metodologia de treinamento bem definida, onde a habituação tática sobrepõe o emocional. Psicólogo fora de campo ameniza, mais não resolve, já dizia meu orientador de mestrado.
 
Modestamente, sou muito mais Parreira a Felipão. Entre o motivador e os treinamentos, fico com os treinamentos. Pena que Parreira é um coadjuvante, que tem apenas a função que ele não pode exercer: coordenador técnico. E não exerce porque Felipão e Parreira são pessoas diferentes, com gabaritos diferentes, com opiniões opostas, mas o treinador é o Felipão. Ponto.
 
Muitas seleções confundiram confiança com arrogância, estas não se combinam, por isso foram eliminadas.

06 dezembro 2013

SABER DOSAR PARA UM MELHOR JOGAR



Dênis de Lima Greboggy

Rodrigo Vicenzi Casarin

            Dentro do futebol temos várias dimensões abarcantes que devem ser levadas em consideração para que os jogadores não fiquem estritamente robóticos, neuróticos e atrelados em pretextos não cabíveis nos dias atuais. Aspectos que não dosados adequadamente, sobrecarregam os jogadores, misturando e marcando negativamente significados e emoções sob o risco de descaracterizar a equipe e o jogar.

            Dosar significa medir com cautela alguma dimensão do processo, o que está sendo feito, o que está sendo observado e o que está sendo aplicado. Nossas ações dentro do futebol devem sempre partir de um dosar, para que nada seja exagerado e tão pouco singelo. Um meio termo contextual, específico e singular. Isso nos remete à fazermos uma pergunta, como é de praxe em nossos manuscritos: O que dosar?; Como dosar? Por que dosar? Bom, são demasiadas as perguntas a respeito deste tema que podemos fazer e ficarmos horas a escrever.

            O que dosar seria, dentre várias dimensões, a modificação do contexto, a progressão dos princípios de jogo, os exercícios a serem aplicados, os minutos, as repetições, a fadiga complexa (central/periférica), horários de treinamento, possíveis concentrações antes de jogos, liberação de jogadores para saírem em grupos, tempo com a família, uso de bebida, cigarro, alimentação e etc. Enfim, todos os fatores dentro e fora do campo que perfazem o modelo de jogo do treinador, o contexto, a cultura, os costumes.

            Ao modelarmos um contexto, temos que ter muita sensibilidade e compreendermos tal complexidade deste processo. Algumas vezes ficamos obcecados por implantar algumas ideias e alguns treinamentos que fogem daquele determinado momento e acabamos colocando doses acima da recepção ideal e sadia para os jogadores. Isso aos poucos vai gerando uma desconfiança, que pode fazer com que os jogadores não acreditem no que se está fazendo. Por isso a dosagem do que é feito e do que pode ser feito é um dos requisitos principais. A modificação brusca e o excesso de algumas coisas serão sempre ser prejudiciais

            Um exemplo aqui no Brasil tem dado o que falar: a tal da concentração. Existem treinadores que não abrem mão disso. E será que isso é um fator tão importante assim, a ponto de não se deixar jogadores passarem horas a mais com filhos, esposa e amigos? Isso exige um olhar muito aguçado do treinador e de sua comissão, para que nada seja para mais ou para menos. O fator “como dosar” depende primeiramente das estratégias criadas para se lidar com questões que corriqueiramente fogem do contexto tradicional. O clube Botafogo foi um bom exemplo, onde seus jogadores decidiram não fazer a tal concentração em forma de reivindicar salários atrasados. A nosso ver, como somos contra esse tipo de concentração, isso é de extrema importância para a vida extra campo dos jogadores. E ao final das contas o Botafogo está apresentando um futebol igual os demais “concentrados”. Será isso devido à divina proporção aplicada ao quesito concentração pelo treinador do Botafogo? Não precisamos responder. Portanto, o como, depende de conversar, ordenar, exercer liderança e autoridade.

            O motivo de dosar nos remete à questão de modelação do elenco ao que de melhor se pode fazer para ajudar, mas fazer de forma diferente da norma brasileira no caso. Isso é modelação, mais não uma modelação estanque, e sim uma modelação complexa, que envolve coisas que para muitos são superficiais e não importantes.

Liderar é convencer com argumentos o porquê de algo ser realizado e os demais compreenderem sem serem forçados. Um exemplo do porque é o convencimento da importância que tal decisão se coloca em discussão, em prol de grupo de jogadores e principalmente em prol do clube, de uma instituição. Existem momentos em que os porquês devem ser ocultados ou justificados posteriormente, devido à capacidade de tais jogadores entenderem tais decisões. Isso nos lembra o motivo de José Mourinho sempre querer jogadores que sejam de pensamento aberto, questionadores e formadores de opinião, pois isso auxilia o processo de tomada de decisão do treinador e fomenta a formação de lideres dentro de campo. 

               Nada deve ser feito pelo poder. É idêntico às relações de trabalho dentro de uma empresa. Se temos líderes que nos ajudam e nos motivam, as coisas tendem a andar da melhor forma possível. Os jogadores ficam felizes e com alegria desenvolvem um jogar em prol sempre do clube e do grupo em que pertencem. Isso para nós é dosar, é perceber a devida com a divina proporção.